Refletir sobre o caminho profissional é algo a ser feito só quando o aluno está no Ensino Médio, certo? Errado. Quanto mais cedo esse assunto for levantado, aumentam os argumentos e as reflexões sobre que rumo seguir. Pensando nisto, uma equipe do Instituto Federal Catarinense (IFC) Campus Luzerna tem percorrido algumas escolas da região para aguçar, nos estudantes dos nonos anos do Ensino Fundamental, reflexões sobre os próximos passos de suas vidas.

O projeto, intitulado “Eu e minhas escolhas”, é coordenado pela professora Jane Carla Burin, também coordenadora de Ensino do IFC Luzerna. “Com este trabalho queremos conversar com os alunos, sentir o que passa pela cabeça deles, quais são suas dúvidas e ansiedades”, comenta. A equipe do projeto é composta ainda pelo pedagogo Ademir Bazotti, assistente social Jéssica Saraiva e pelo psicólogo José Luís Machado, além de alunos bolsistas do Ensino Médio Integrado.

“Os estudantes que estão concluindo o Ensino Fundamental têm agora a possibilidade de pensar também em uma formação técnica integrada ao Ensino Médio. E essa é só uma das inúmeras opções de carreira ofertadas”, explica Jane. Duas escolas já participaram do projeto. Agora, ele será levado também aos estudantes que estão concluindo o “terceirão” - neste caso, a reflexão se torna muito mais urgente, e a ansiedade, maior. “Qual curso superior fazer, sair de casa ou não, quais as oportunidades que temos na região e fora dela, enfim. Todos esses pontos são abordados”, fala a coordenadora.

As ações se concentram basicamente em ouvir o que os estudantes pensam e encaminhá-los para pensamentos de calma e tranquilidade. “Primeiro fazemos contato com a escola, marcamos um horário. No encontro, começamos apresentando a equipe do projeto. Depois, os alunos dialogam sobre suas expectativas. A partir daí, criamos dinâmicas que auxiliam na reflexão dessas oportunidades, no que elas acarretarão”, diz Jane. Uma dessas dinâmicas é a Roda da Vida, que trabalha com todos os aspectos do indivíduo.

Com os encontros, uma das percepções que a equipe já observou é a falta de diálogo sobre o tema com os pais. Os argumentos geralmente são a falta de tempo e a correria do dia a dia. “Como os pais podem ajudar o aluno nesta fase da vida? Conversando e conversando”, enfatiza a professora. “É muito importante esse momento de troca, de conversa, de entender quais são as expectativas do filho, ouvir o que ele gosta e quais são as suas habilidades. Às vezes a família cria uma expectativa e um direcionamento muito grande, e esquece de olhar o que o filho quer de fato”.

A participação dos alunos bolsistas do Ensino Médio Integrado do IFC é outro aspecto importante do projeto. “Nossos estudantes vão para apresentar o olhar deles, as experiências que eles têm e que ainda carregam”, diz Jane Carla Burin. “Uma das questões que eles trabalham e que eu acho bem importante é que não são escolhas definitivas. Pode ser uma escolha agora, de momento, mas que a qualquer hora pode ser modificada”. Com a participação dos bolsistas, os participantes sentem uma segurança maior nas reflexões a serem feitas.

Para o pedagogo do IFC, Ademir Bazotti, o grande desafio do projeto é proporcionar aos estudantes alguns elementos de reflexão sobre identificação e oportunidades de formação. “Através do sistema educacional, nossos jovens acessam o mundo do conhecimento. As relações sociais expandem o modo como eles percebem a realidade das profissões, ou seja, conhecem o mundo”, afirma. “Nesta relação é dado significado à pergunta 'o que você pretende ser?'. Porém, analisar elementos específicos de uma possibilidade de formação, remete à reflexão de potencialidades e de identificação. É neste campo que o projeto pretende atuar”, finaliza Ademir.