A presença feminina no universo musical sertanejo chegou à Joaçaba e região. Em festas e barzinhos, já é possível assistir Jaci Kelly cantando o amor, a sofrência, a farra e a bebedeira. Mas o repertório não fica apenas neste gênero musical, a estudante passeia ainda pela MPB, funk, pop e rock.

A jovem cantora de 26 anos está fazendo o caminho inverso de muitas profissionais que trocaram os palcos pela igreja. Jaci Kelly cantava gospel e chegou a gravar um CD solo intitulado “Amanheceu”. “Trabalhei neste segmento por mais de um ano, mas acabei me desiludindo”, conta ela ao reclamar que infelizmente as próprias igrejas não valorizam seus cantores. “Quero algo mais, ser profissional e até viver da música”, revela.

A música entrou na vida de Jaci Kelly através da dança, quando, ainda criança, foi incentivada por sua vizinha e amiga Ariana Schlindwein. Participou de festivais com um grupo de amigas, mas foi na Escola Municipal Frida Regensburger, aos 7 anos, que seu talento para cantar foi estimulado pela diretora, na época Neivete Oliveira. “Foi ela que plantou a sementinha em mim”, relembra Jaci, que participou de festivais até os 14 anos, até começar a frequentar uma igreja evangélica, onde foi inserida em um grupo de louvor.

Quando já estava decidida a deixar o gênero gospel, Jaci Kelly recebeu o convite do músico Juliano Vesoloski Lechner para fazer barzinhos (voz e violão). “Confesso que no início fiquei com receio, pois só cantava gospel e não tinha muito conhecimento de músicas seculares”, lembra. “O Juliano me passou um repertório de músicas para três horas. Não conhecia quase nenhuma, principalmente as em inglês. Mas encarei o desafio”, conta.

A primeira vez de Jaci Kelly para um público não religioso foi no Bar Bily John. “Foi fantástico. Me redescobri”, avalia ela, que meses depois foi convidada para ingressar na Café Brasil Show, onde se apresenta em formaturas, casamentos e eventos, juntamente com os músicos Tutto (baixo), Joãozinho (guitarra), Carlos (teclado), Marcio (bateria) e Rebellato (vocal).

A cantora está cursando música na Unoesc e concilia também o trabalho como Técnica Auxiliar de Regulação Médica (TARM) no SAMU. “Tenho muitos planos, para este ano ainda. A começar pela gravação de um single inédito. Meu marido Marcio Motta compõe, inclusive as do meu CD são todas de sua autoria. Tenho um compositor de primeira em casa”, brinca, ao mesmo tempo que elogia o parceiro. “Me apoia muito, sem ele talvez já teria desistido de tudo”.

Jaci Kelly ainda não decidiu o gênero musical que pretende seguir. “Gosto muito de rock, mas estou ouvindo muito sertanejo e quem sabe minha música saia nesse estilo, mas não há nada certo ainda. Estou cantando a pouco mais de um ano e tudo ainda é muito novo pra mim”, comenta indecisa. “Mas estou adorando”, acrescenta.

Este momento tem sido muito importante para a cantora, que ainda busca seu espaço. “Estou amando essa nova Jaci Kelly e quem estou me tornando a cada dia. Essa transição do gospel para música secular me fez enxergar que existe um mundo cheio de oportunidades, que precisam ser bem aproveitadas”, avalia. “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante [...]”, se define Jaci Kelly, ao fazer alusão a musica de Raul Seixas.

Além de barzinhos, festas de casamento, cerimonias, jantares, Jaci Kelly participou com o músico Nando Spessato da gravação do tema do Jasc, e recentemente do tema dos 70 anos do Hospital Universitário Santa Terezinha (Hust).

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