Raim
undo Colombo sabia desde o dia 6 de fevereiro que a Força Nacional viria para Santa Catarina. O governador já havia combinado com o ministro a estratégia. Desde essa data, a força estava em alerta para vir ao estado caso os atentados se intensificassem e a operação contra as facções tivesse que ser antecipada. "A gente dizer que não viria era parte da estratégia", confidenciou o governador. "Eles chegariam em no máximo duas horas e meia caso nós precisássemos."
Colombo afirmou que o sucesso dessa operação dependia muito desse encaminhamento por duas razões: o elemento surpresa e a ausência de provocações contra as facções, que podiam intensificar os ataques e passar a ferir a população. Desde o início da resposta massiva das forças do Estado em conjunto com a Força Nacional já são 144 presos: 25 pessoas na primeira madrugada (de sexta para sábado), 53 nesta madrugada e 45 indiciados que já estavam nas cadeias e 21 menores apreendidos.
"Eu divido as ações políticas em duas vertentes, as da credibilidade e as da popularidade. Eu sacrifiquei a popularidade, não tenho dúvida. Mas acredito que tomei a decisão certa", desabafou o governador, que emendou: "Uma coisa foi nossos policiais subirem o morro e surpreenderem os bandidos. Seria outro cenário se eles já estivessem preparados". Em contrapartida, o governador declarou que viu ações políticas serem tomadas para desgastar o Estado, "como a do sindicato dos trabalhadores de ônibus em Florianópolis, que eu considerei um crime contra a população. Joinville também teve ataques e os ônibus não pararam. Desde o início medidas foram tomadas para garantir a segurança", disse Colombo sobre a posição do sindicato, que foi se radicalizando mesmo com o número de ataques em queda.
Transferências e a mão de obra do crime
Colombo afimou também que outros presos dessa nova leva serão tranferidos para penitenciárias federais. "Estamos apenas aguardando as condenações na Justiça", disse. Os 40 criminosos transferidos para penitenciárias federais podem ficar no sistema de RDD durante um ano, prorrogáveis por mais um ano. "Enquanto isso, vamos construir um sistema próprio de RDD para Santa Catarina.
Há dez anos havia 7 mil detentos no Estado. Hoje são 17 mil. "É muito ruim você ter presos de pequenos furtos nas penitenciárias. Porque são eles que vão ser a massa de manobra para o marginal mais perigoso. A mistura cria universidades do crime", disse Colombo. Por isso, o governador defende penas alternativas, além do aumento de presos trabalhando, o que oferece uma alternativa à vida dentro do crime organizado. "Queremos sufocar a mão de obra das facções."
Nessa ação, o governador inclui o combate ao tráfico de drogas. "O viciado é o escravo, a massa de manobra, tem que receber tratamento para se curar. Já o traficante tem que enfrentar e ser punido com o rigor máximo da lei", acredita.
Balanço da operação e dos ataques até o momento
Com uma única ocorrência na madrugada de domingo, o número chegou a 107 em 31 municípios. Desse número, 78 foram atentados e 29, atos de vandalismo, de acordo com a Diretoria de Informação e Inteligência da Secretaria de Segurança Pública. "Operadores foram tranferidos, executores estão sendo presos, inclusive alguns advogados que estavam metidos até o pescoço no financeiro e no operacional dessas facções", explicou o governador.
Colombo acredita que o tempo de planejamento foi essencial para as forças de segurança do Estado construirem a estratégia que foi posta me prática em parceria com o Governo Federal. "Um inquérito incompleto e insuficiente é revertido fácil no tribunal. Não podíamos fazer esse trabalho no atropelo e com medidas populistas. A falsa sensação de segurança para a população custaria um preço alto demais para a sociedade lá na frente", disse Colombo. Em seguida, acrescentou: "Pagamos um preço em popularidade pelo planejamento cuidadoso e a busca da perfeição na execução dessa resposta, mas era algo que precisava ser feito dessa forma para conseguirmos o sucesso que tivemos."
Com um suspeito morto em confronto com a polícia e dois cidadãos feridos pelos ataques, as ações de contençãos dos atentados somam 192 pessoas detidas: 149 suspeitos presos, 43 menores apreendidos. Além disso, foram indiciados por esses nova onda de atentados mais 45 pessoas que já estavam presas.
"Eu não sinto que tudo esteja resolvido, mas entramos em uma nova fase. Porém, tenho certeza que vamos vencer", declarou Colombo. O governador acredita que esses ataques são um novo fenômeno social, um problema que não será unicamente de São Paulo e Santa Catarina. "Infelizmente, é uma realidade que eu acho que a sociedade de outros Estados vai acabar enfrentando e que temos que combater fortemente."
fonte: caco da rosa